Cabelo de gordinha?

As pessoas têm mania de inventar regras para privar os outros de seguirem seus próprios instintos e desejos, não é mesmo? E em matéria de moda, estilo, comportamento, o que mais tem é esse tipo de "proibição". Sempre aparece alguém pra dizer que cabelo grande é coisa de menininha, que depois de uma certa idade não dá pra usar certos tipos de roupa, que olho e boca não podem sobressair numa maquiagem ao mesmo tempo, que mulher não pode deixar o cabelo ficar branco, que senhoras não podem usar biquini (oi?) e por aí vai... E se você é gorda ou gordinha, se prepare que tem uma categoria de proibições só para você! 
Ontem eu resolvi ir ao salão porque, cá entre nós, eu estava mesmo precisando... e com todo aquele cabelo caindo devido às mudanças hormonais do pós parto, eu já estava de agonia para cortar o cabelo. Resolvi que, se não ia dar pra continuar minha meta de ficar com cabelo de sereia, iria cortar logo beeeeeeem curtinho! O problema foi que minha ida ao salão não foi muito planejada e acabei não levando nenhuma referência... Enfim, não cheguei a amadurecer nenhuma ideia do que eu queria exatamente. Somado a isso, estava acompanhada pelo meu marido, que não é lá muito adepto a mudanças radicais de visual (Sempre pego ele de surpresa rsrs). E pra completar, a cabelereira não parecia muito animada também, e, em outras palavras, disse que um corte curtinho como eu queria não iria valorizar meu rosto "cheinho". No final das contas ela fez um corte quase reto, chanel, que não era bem o que eu estava imaginando... 


Minha primeira reação ao ver o meu novo visual com mais calma, assim que cheguei em casa, foi me arrepender de ter cortado o cabelo. Agora na foto até gostei... Mas mesmo assim, quando me olho no espelho fico me achando tão séria... tô com a maior "cara de mãe" rsrs (ok, eu sou mãe mesmo! kkkkk)
Fiquei, então, pensando sobre essa história de que gordinhas "não podem" ter um cabelo mais curto... será que isso é verdade? 
A resposta é: claro que NÃO! Não sei se vocês assistem àquele programa da GNT, o Superbonita. O episódio da segunda-feira passada foi justamente sobre cabelo e como ele reflete praticamente nossa alma. Tem a ver com estado de espírito, com atitude, com personalidade. E isso passa longe de preconceitos. 
Quando falamos de cortes de cabelo sempre tem aquela coisa do formato do rosto e tal... Os rostos mais arredondados, teoricamente, não combinariam com cortes que deixam esse formato muito aparente. Mas se você realmente quer fazer um corte assim e você vai se sentir bem e feliz, por que não? Muitas mulheres gordas até mesmo raspam a cabeça e ostentam o visual com muito estilo e autoestima. Nessas horas a gente vê como tudo é relativo e mais uma vez provamos que a beleza é algo que vem de dentro mesmo. 
Eu mesma já tive uma fase em que super desejei um cabelo chanel, reto, clássico, chique. Cortei e me senti linda e fashion com meu cabelo. E dessa vez, com um cabelo parecido, fiquei me sentindo sem graça e até senhoril, por mais que me digam que pareço mais jovem com o cabelo mais curto. Será que o problema não está aqui na minha cabeça? Provavelmente sim!









Por isso que prefiro sempre cortar meu cabelo, fazer minhas tattoos, comprar minhas roupas, todas essas coisas, sozinha. Porque só eu sei que consigo ouvir melhor a minha própria vontade. Acabo me conhecendo melhor também e sempre fico mais satisfeita no final. 
Outra coisa: por acaso um corte do tipo "Joãozinho" fica mais "Joãozinho" numa mulher gorda por que razão? Que eu saiba ele recebe esse nome independentemente do tipo físico de quem corta. "Joãozinho" pode ser magro ou gordo também. rsrs O que torna o visual mais interessante é o conjunto da obra. Isso sempre! Não adianta ter um cabelão e viver com ele enrolado e mal cuidado. 
Além disso, quem disse que uma mulher gorda precisa se esconder atrás do cabelo? Além disso ser impossível, não faz nenhum sentido. Se a pessoa não está satisfeita com seu corpo, provavelmente o cabelo não vai conseguir, por si só, fazer milagre. A grande lição disso tudo é que a gente tem que se amar. E valorizar tudo que temos de melhor.
Não é fácil com todo mundo dizendo que estamos fora do padrão de beleza, que nosso corpo é uma imperfeição ambulante que precisa ser escondida e disfarçada. A gente cresce acreditando nisso e sofre horrores tentando se convencer do contrário. 
Ultimamente tem-se falado tanto em empoderamento, em valorizar e respeitar as diferenças e isso é ótimo (embora às vezes pareça uma lavagem cerebral que estão fazendo na gente...rsrs) ... Que tal aproveitar essa onda positiva e começar a acreditar mais em si mesma? Bora treinar o carão e nos vestirmos sempre de nós mesmas, que é a melhor roupa, o melhor corte de cabelo, a única forma de nos sentirmos verdadeiramente bonitas. 
Eu ainda não sei se vou continuar com esse corte mesmo ou se vou dar mais uma radicalizada, mas com certeza vou procurar encontrar formas de me sentir mais segura e autoconfiante. 
Um grande abraço para quem passar por aqui! ;)

Comentários

Amei o post. A gordofobia existe e depois de anos lutando contra meu peso, estou lidando de boa. Ainda quero emagrecer um pouco, mas pra ficar mais ágil na capoeira, não por querer agradar ninguém além de mim mesma. De saco cheio desse povo que acha que pode ditar regras pra gente por ser um pouco mais magro.

Beijossssssss
┌──»ʍi૮ђα ツ

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