A Hora da Estrela

Passei um período sem arrumar tempo para ler nenhum livro... o máximo que conseguia era ler a revista mensal que assino. E às vezes nem isso! Mas até que de um mês pra cá eu consegui ler bastante. O primeiro desses livros foi este:


A Hora da Estrela, de Clarice Lispector. O livro já habitava minha estante há vários meses mas eu nunca tinha passado da página 14. Apesar de ser fininho, a leitura não é das mais fáceis. Enquanto o narrador se prepara para começar a contar a história da nordestina Macabea, pobre coitada, é tanto arrodeio que chega a ser um pouco cansativo. O objetivo é criar uma certa tensão. Macabea é uma mulher que sempre passou despercebida. Alguém conformada com a vida que tem, por mais medíocre que seja... Alguém substituível, alguém que parece não fazer falta pra ninguém... Mas ela achava que era feliz, até o dia em que ela vai para uma cartomante. E aí, o que acontece?

"Aliás, cada vez mais ela não se sabia explicar. Transformara-se em simplicidade orgânica. E arrumara um jeito de achar nas coisas simples e honestas a graça de um pecado. Gostava de sentir o tempo passar. Embora não tivesse relógio, ou por isso mesmo, gozava o grande tempo. era supersônica de vida. Ninguém percebia que ela ultrapassava com sua existência a barreira do som. Para as pessoas outras ela não existia. A sua única vantagem sobre os outros era saber engolir pílulas sem água, assim a seco. Glória, que lhe dava aspirinas, admirava-a muito, o que dava a Macabéa um banho de calor gostoso no coração".

"Maca, porém, jamais disse frases, em primeiro lugar por ser de parca palavra. E acontece que não tinha consciência de si e não reclamava de nada, até pensava que era feliz. Não se tratava de uma idiota mas tinha a felicidade pura dos idiotas. E também não prestava atenção em si mesma: ela não sabia."

"Tanto estava viva que se mexeu devagar e acomodou o corpo em posição fetal. Grotesca como sempre fora. Aquela relutância em ceder, mas aquela vontade do grande abraço. Ela se abraçava a si mesma com vontade do doce nada. Era uma maldita e não sabia. Agarrava-se a um fiapo de consciência e repetia mentalmente sem cessar: eu sou, eu sou, eu sou. Quem era, é que não sabia. Fora buscar no próprio profundo e negro âmago de si mesma o sopro de vida que Deus nos dá".

O livro traz algumas reflexões bastante filosóficas. Afinal, somos mais felizes quando não pensamos sobre nossa existência? Quando simplesmente vivemos, como os passarinhos... Sem pensar no sentido de tudo... É sem dúvida uma leitura profunda e especial. Mas aviso que não é o tipo de livro que todo mundo gosta. Não é o tipo "pop" de leitura. Eu mesma demorei para me envolver totalmente com o livro e cheguei a desistir duas vezes antes de pegar ele pra valer. Mas achei que vale a pena parar um pouquinho para conhecer essa famosa obra de Clarice Lispector, que é uma das minhas escritoras favoritas. 

Um pouco mais sobre A Hora da Estrela aqui
Outro dia eu falo pra vocês dos outros livros que li no último mês. Bjinhos!

Comentários

Lê Fernands disse…
AMO esse livro.
já leu o "livro dos prazeres"?


super indico, clarice é sempre maravilhosa.


=)
Alessandra, disse…
BOA DIA, PORÉM QDO EU PEGO UM LIVRO DEMORO MUITO PRA LER QUASE 1 ANO....BJS

www.mdemulhermoca.blogspot.com
Oi, Carolina!
Este livro é realmente muito interessante!
Li ele no colégio, faz tempo isso, hehe
Infelizmente ando sem tempo para literatura, muitos livros teóricos...
Mas vale a pena um tempinho para ler e se auto-conhecer =)
Beijinhos e boas leituras!
Tatty disse…
Amo ler! Clarice Lispector é uma delícia de ler...
Bjks, Tatty

http://suspirofashion.blogspot.com/
Larissa disse…
nossa, ultimamente venho lendo só livros pro meu tcc!! nada mais que isso!
beijo!

Postagens mais visitadas